Venda de tadalafila cresce 60% na Bahia em 2024

Foto: Reprodução/CFF

O uso de tadalafila, medicamento inicialmente desenvolvido para tratar a disfunção erétil, aumentou 60% na Bahia entre 2023 e 2024, conforme Cleiton Vieira, diretor comercial da Associação de Farmácias do Nordeste (Assofarne). No Brasil, o fármaco ficou em terceiro lugar entre os mais vendidos em 2024, atrás apenas da losartana e da metformina, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos últimos quatro anos, as vendas do produto aumentaram 220% no estado.

Embora sua principal indicação seja para tratar a disfunção erétil, a tadalafila passou a ser amplamente utilizada para outros fins, como potencializar o desempenho físico. Muitas pessoas, especialmente os jovens, começaram a recorrer ao medicamento de forma recreativa, acreditando que ele possa melhorar a performance durante os treinos ou aumentar a resistência durante festas e eventos como o Carnaval. Apesar disso, especialistas alertam que não há comprovação científica de que o fármaco tenha esses efeitos no corpo.

“Não existe evidência científica de que o medicamento tenha impacto no aumento da massa muscular”

Afirma o médico urologista Lucas Batista, sócio do Instituto de Urologia da Bahia. Ele enfatiza que o uso do medicamento para fins estéticos ou de desempenho físico é contraindicado, e o uso sem acompanhamento médico pode trazer riscos à saúde.

A disseminação do uso do fármaco foi impulsionada, em parte, por influenciadores digitais e comediantes. O influenciador carioca Jon Vlogs, por exemplo, lançou recentemente uma versão em goma do medicamento, que esgotou rapidamente. Em Salvador, o comediante Claudio Saback, conhecido como “Embaixador do Tadala”, promove o uso do medicamento em suas redes sociais, com 384 mil seguidores.

Esse fenômeno também reflete uma pressão cultural sobre a masculinidade. O professor Djalma Thürler, da Ufba, analisa como o consumo de medicamentos como a tadalafila está relacionado à construção de um ideal de masculinidade, onde os homens sentem que precisam atender a expectativas irreais de desempenho físico e sexual.

“Esse consumo está relacionado ao medo da rejeição e à obsessão por atender aos padrões de um ‘homem perfeito'”, afirma Thürler.

Com a crescente popularidade do medicamento, o uso indiscriminado e sem prescrição médica continua a ser um risco à saúde pública, sendo fundamental que os consumidores busquem orientação profissional antes de utilizar qualquer medicamento.

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