Um convite ao consumo consciente
Ao anunciar a semana (ou o mês) do consumidor, de uma forma geral, o comércio tem um único
objetivo: aumentar o volume de vendas de produtos. Entretanto, eu chamo a atenção do leitor quanto
ao próprio ato do consumo de produtos. Reflita comigo: a partir de uma perspectiva consumista, o
avanço tecnológico das últimas décadas favoreceu o surgimento de inúmeros aplicativos e sites que
tornaram o ato do consumo algo quase que imediatista, pois tudo está ao alcance do consumidor de
maneira mais simples, fácil e rápida.
Considerando o contexto da microeconomia, o comportamento de consumo está relacionado ao ato
que permite concretizar a satisfação de determinada necessidade através da utilização de certo bem.
Por sua vez, o consumo sustentável ou consciente relaciona-se à busca por produtos e serviços
ecologicamente corretos (ou friendly products), à economia de recursos como água e energia, à
utilização dos bens até o final de sua vida útil e à reciclagem dos materiais.
O ato de transformar o próprio consumo vem se tornando uma tendência na vida de determinadas
pessoas. Em outras palavras, antigos hábitos estão começando a ser deixados de lado e sendo
substituídos por ações bem mais conscientes, tais como: levar a própria sacola ao supermercado;
diminuir o uso de produtos plásticos; fazer o descarte adequado do lixo. Para estes consumidores,
comprar apenas por comprar já não faz mais sentido; é preciso comprar com propósito.
O consumo consciente está relacionado à velocidade de regeneração natural de recursos, à capacidade
do ambiente de assimilar resíduos sem impacto substancial para a saúde humana e para a biosfera; e
ao processo pelo qual, alternativas substitutas podem suprir fontes de energia e materiais com
disponibilidade limitada.
Logo, ser consciente é uma questão de educação; vai além de ações isoladas, pois a pessoa envolvida
se reconhece enquanto um ser responsável pelos problemas ambientais e, como tal, nutre o desejo de
encontrar as devidas soluções. Em termos gerais, a consciência ambiental gera, nas pessoas, o
desenvolvimento de hábitos e comportamentos que são capazes de influenciá-las quanto ao seu
processo de tomada de decisão e induzi-las à realização de compras sustentáveis.
Assim, ao optar por consumir de maneira consciente, o consumidor se sente mais responsável pelo
“bem-estar” do planeta, tanto individualmente quanto coletivamente, pois percebe-se numa postura
cidadã. Consequentemente, a ideia do consumo consciente emerge como uma nova ética social.
Luciane Albuquerque, professora dos cursos de Negócios da Estácio. Administradora; Doutora em
Psicologia Social; Pós-Doutora em Ciências Comportamentais