Um menino de nove anos baleado durante uma ação policial em Salvador reacendeu o debate sobre a subutilização de câmeras corporais pela Polícia Militar da Bahia. O vereador de Salvador, Hamilton Assis (PSOL), cobrou transparência e o uso efetivo dos equipamentos, citando um relatório do Ministério Público que expõe falhas graves no sistema.
O parlamentar afirmou que há “falta de transparência e o descumprimento das diretrizes sobre o uso de câmeras corporais nas fardas da Polícia Militar”. A crítica surge após o MP-BA recomendar à Secretaria de Segurança Pública que corrija “distorções” na política de uso dos dispositivos. Inspeções em 15 unidades revelaram que, de 1.263 câmeras distribuídas, apenas 95 estavam em operação – equivalente a 7,5% do total.
“Mais uma vez, a população pobre e negra de Salvador sofre as consequências da violência policial e da ausência de controle do Estado sobre suas forças de segurança”, declarou Assis. O problema, segundo as investigações, inclui má gestão do sistema e a impossibilidade de apurar abusos, o que impede que as imagens protejam tanto os policiais quanto os cidadãos.
O caso do adolescente ocorrido no Nordeste de Amaralina ilustra a negligência. “Se as câmeras estivessem em funcionamento, seria possível esclarecer com transparência o que aconteceu. Mas o que vemos é um Estado que gasta milhões em equipamentos e não garante que sejam usados”, disse o vereador.