Terreiro Casa Branca recebe título de propriedade e ganhará memorial em Salvador

 Terreiro Casa Branca recebe título de propriedade e ganhará memorial em Salvador

Foto: Lucas Moura/ Secom PMS

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O primeiro templo de candomblé do Brasil, o Terreiro Casa Branca, no Engelho Velho da Federação, recebeu da Prefeitura de Salvador o título de propriedade que regulariza a situação fundiária do templo religioso e que assegura a proteção do espaço. A escritura foi entregue para a ialorixá Mãe Neuza de Xangô nesta quinta-feira (5).

O espaço sagrado também passará por uma ampla reforma. Um projeto para execução das obras já está em elaboração pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além disso, a FMLF também ficará responsável pelo projeto de construção do novo memorial da Casa Branca.

O equipamento cultural ficará no terreno onde havia um imóvel construído irregularmente ao lado terreiro e que recentemente foi desapropriado pelo município. Atualmente, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) realiza a demolição do prédio, que possuía cinco pavimentos. O serviço ocorre de forma minuciosa em virtude das residências próximas, além do próprio terreiro. O prazo é que toda a demolição seja concluída entre final deste mês e início de outubro.

Bastante emocionada, Mãe Neuza de Xangô recebeu o título em mãos e celebrou a conquista. “Isso é resultado de uma luta de quase 200 anos, uma luta de gerações. Essa escritura é muito mais do que um papel, é nossa vida e a certeza de que os nossos ancestrais não lutaram em vão”.

Diversas melhorias estruturais serão realizadas no espaço de imediato. A área do templo passará por capinação, roçagem e adequação de rampas de acessibilidade.

Mais antigo templo de matriz africana do Brasil, o Terreiro da Casa Branca – em iorubá, Ilê Axé Iyá Nassô Oká – foi fundado por três mulheres africanas da nação nagô em um terreno atrás da Igreja da Barroquinha, por volta de 1830.

O nome Ilê Axé Iyá Nassô Oká foi dado em homenagem a uma dessas mulheres, a iorubá Iyá Nassó (Mãe Nassô), considerada a principal fundadora. A mudança para o Engenho Velho, onde a sede está situada hoje, aconteceu quando as manifestações religiosas que divergiam do catolicismo começaram a ser perseguidas.

Em 1984, o Iphan decidiu pelo tombamento, que foi homologado em 1986, tornando a Casa Branca o primeiro terreiro tombado como Patrimônio Histórico do Brasil.