A Bahia enfrenta risco de perder até R$ 1,8 bilhão com as novas tarifas de 50% que os Estados Unidos imporão às exportações brasileiras a partir de agosto de 2025, segundo análise da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). O estudo, divulgado nesta segunda-feira (14/7), estima que a medida reduzirá em 5,4% o volume exportado pelo estado, o equivalente a US$ 643,5 milhões, com impactos diretos no PIB e no emprego.
A metodologia de multiplicadores de insumo-produto revela que os produtos industrializados serão os mais afetados, com queda projetada de 85,7% nas vendas. O setor de papel e celulose lidera as perdas, com prejuízos estimados em US$ 191 milhões, seguido por químicos e petroquímicos (US$ 177 milhões) e borracha, incluindo pneus (US$ 89,3 milhões). Alimentos como cacau, café e frutas também sofreriam redução de US$ 77,5 milhões nas exportações.
“A decisão do governo norte-americano, justificada por uma suposta relação comercial injusta, ocorre em um momento em que o Brasil registrava recordes de exportações para os Estados Unidos, tornando o impacto ainda mais relevante”, afirmou Armando Castro, diretor da SEI. Os EUA são o terceiro maior destino das exportações baianas, representando 8,3% do total, atrás apenas da China (23,6%).
Embora o estudo não detalhe números de demissões, ele alerta para os 210 mil empregos formais vinculados aos setores mais expostos, o que corresponde a 7,8% do total no estado. A indústria petroquímica, responsável por 81 mil vagas, é a mais vulnerável. Sem compensação em outros mercados, a retração nas exportações pode reduzir o PIB baiano em 0,38%.
A nota técnica ressalta que os efeitos finais dependerão de negociações diplomáticas e da capacidade de redirecionar vendas para outros países. Em 2024, a Bahia exportou US$ 11,9 bilhões, com a China respondendo por 28,2% desse total. Setores como têxtil e metalúrgico também enfrentariam perdas significativas, de US$ 18,4 milhões e US$ 62,2 milhões, respectivamente.