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Salvador registra o maior acumulado de chuvas em abril dos últimos 39 anos sem perdas de vidas

 Salvador registra o maior acumulado de chuvas em abril dos últimos 39 anos sem perdas de vidas

Foto: Divulgação/Codesal

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O primeiro mês da Operação Chuva 2024 foi marcado por intensas chuvas que ultrapassaram significativamente a média histórica prevista para o período, estabelecida em 284,9mm. Salvador registou acumulados de 821,7mm ao longo do mês, um indicador que se aproxima de toda chuva esperada para abril, maio e junho juntos, que é 824mm.

No dia 02 de abril, foram registrados 120,8mm em apenas 2 horas na região da Boca do Rio e, no dia 08, 212,4mm em 24 horas, na região do IAPI. Mesmo com os altos índices pluviométricos, não foi registrado nenhuma ocorrência com vítimas. Esses números mostram que, com ações planejadas de prevenção e contingência, a Prefeitura de Salvador garantiu a segurança e a tranquilidade dos soteropolitanos diante das adversidades climáticas.

De acordo com o Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme da Defesa Civil de Salvador (Cemadec), as expressivas chuvas foram causadas por uma combinação de fatores que aumentaram a umidade sobre a cidade, como o Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM), os sistemas de baixa pressão (cavados) e a passagem de frentes frias pelo litoral da Bahia que intensificam o vento marítimo, fazendo com que mais umidade adentrasse o continente, além do aquecimento das águas do Oceano Atlântico.

A Operação Chuva é realizada anualmente no período mais chuvoso e é dividida em duas etapas: a preparatória, realizada ao longo do ano e intensificada em março, e a de alerta, entre abril a junho, quando são aplicados protocolos de monitoramento e resposta a situações de risco e prevenção de desastres. Coordenada pela Defesa Civil de Salvador, a operação conta com uma força-tarefa dos órgãos integrantes do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil (SMPDC), para intensificar ações em infraestrutura, tecnologia, limpeza urbana e manutenção urbana, a fim de proteger a população que vive, sobretudo, em áreas de risco.

O diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, acentua a importância da atuação conjunta no período mais chuvoso de Salvador. Ele destacou que “é indispensável para a consolidação da política de prevenção e redução de riscos de desastres, e requer significativa colaboração para o funcionamento do SMPDC durante a Operação, que tem a coordenação executiva da Codesal”.

Acionamento de Sirenes

Diante do iminente risco de deslizamentos de terra devido ao encharcamento do solo pelas chuvas, a Defesa Civil de Salvador acionou, conforme estabelecido no protocolo do Plano de Prevenção de Defesa Civil (PPDC), as 14 sirenes do Sistema de Alerta e Alarme em áreas de risco prioritárias nos dias 07 e 08/04. Essas áreas incluem:

  • Mamede (Alto da Terezinha),
  • Bom Juá, Calabetão,
  • Vila Picasso (Capelinha de São Caetano),
  • Baixa do Cacau (São Caetano),
  • Vila Sabiá (Liberdade),
  • Voluntários da Pátria (Lobato),
  • Irmã Dulce (Cajazeiras VII),
  • Mangabeira 1 e 2 (Cajazeiras VIII),
  • Creche e Moscou (Castelo Branco),
  • Bosque Real e Olaria (Sete de Abril).

Em 15/04, ocorreu um novo alerta com para continuidade do risco de deslizamento nas comunidades de Creche (Castelo Branco), Bosque Real (Sete de Abril) e Moscou (Castelo Branco). No dia 25/04, nas sirenes das comunidades do Calabetão, Voluntários da Pátria e Baixa do Cacau foram novamente acionadas.

O Sistema de Alerta e Alarme é acionado após o volume de chuvas ultrapassar 150 mm, em 72 horas de chuvas intensas. Após o acionamento, os moradores são orientados a sair de suas casas e se dirigirem para um local ou para um dos centros de acolhimento provisórias mantidos pela Prefeitura em escolas municipais próximas às áreas de risco.

Abrigo

Ao longo do período, 264 pessoas foram abrigadas. As Gerências Regionais de Educação (GREs), a Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre) e os gestores das Prefeituras-Bairro colaboraram no abrigamento. Passado o risco apresentado pelas chuvas e após vistorias realizadas pelos técnicos da Codesal, as famílias que não puderam voltar em segurança para suas casas, receberam o auxílio moradia da Sempre.
O diretor da Codesal, Sosthenes Macêdo, enfatiza a importância da vigilância contínua, incentivando as pessoas a deixarem suas residências ao menor sinal de perigo, procurando abrigo em locais seguros.

Ações preventivas

Ao longo do ano, a Defesa Civil de Salvador realiza ações preventivas nas áreas de risco da capital baiana. As vistorias são realizadas diariamente, a partir de demandas dos moradores ou de solicitações feitas através dos órgãos parceiros, para identificação de necessidade de intervenções, como demolição, limpeza de valas e canais, poda de árvores, limpeza e lonamento de encostas, aplicação de geomantas, entre outros.

Áreas mapeadas

A ocupação urbana de forma irregular e desordenada nas áreas de encostas é um dos principais problemas enfrentados pela administração municipal em Salvador. A partir da reformulação iniciada em 2016, a Defesa Civil de Salvador passou a atuar prioritariamente com foco na prevenção, por meio da intensificação dos trabalhos educativos e inclusivos, da elaboração de planos de prevenção e dos mapeamentos das áreas de risco.

Já foram mapeadas 171 áreas de risco para deslizamento e alagamento. Além da avaliação das áreas, é realizada também a elaboração de mapas de ocupação, que consistem no cadastramento dos imóveis e dos residentes. Essa ferramenta destina-se a subsidiar a Defesa Civil na gestão, prevenção e redução dos riscos.

Através do conhecimento prévio e monitoramento dos processos que desencadeiam eventos adversos, torna-se possível planejar ações para mitigar certos tipos de ocorrências e reduzir as consequências, agindo diretamente sobre as edificações vulneráveis e os espaços suscetíveis a desastres.

Vistorias e encaminhamentos

Em abril, foram registradas 4.304 solicitações de vistorias, por meio da central telefônica 199, principal canal utilizado para registrar as demandas da população. Os maiores pedidos foram relacionados à ameaça de deslizamento de terra, deslizamento de terra, ameaça de desabamento e avaliação de imóvel alagado. Dessas, 2.486 foram encaminhadas às secretarias, órgãos e entidades para realizar intervenções.

A SUCOP, LIMPURB, SEDUR e SEMAN lideram a lista, pois têm atribuições relacionadas à estabilização de encostas, limpeza de áreas e demolição de construções em risco de desabamento. O Setor de Atendimento à Comunidade em Áreas de Risco cadastrou 1.050 famílias para atendimento social na Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre).

Análise climatológica de abril

A previsão probabilística elaborada pelo Cemadec indicava que os meses da Operação seriam em torno ou acima das normais esperadas. Apesar dos Institutos Nacionais divulgarem a previsão abaixo da normal climatológica, nossos meteorologistas já previam os efeitos do aquecimento anômalo do oceano Atlântico e da atmosfera. Apesar da influência do El Niño e de outras forçantes que os modelos matemáticos meteorológicos estavam levando em consideração, o que predominaria na capital baiana seriam as condições do oceano, e assim foi.

Para o mês de abril de 2024, a estação automática de referência Ondina/INMET registrou um acumulado pluviométrico de 821,7 mm, ficando 288% acima da média climatológica (284,9 mm), o maior em 39 anos.
Outros anos que registraram grandes volumes de chuvas no mês de abril foram: 1984, com 889,8 mm; 1985, que chegou a 869,1 mm; 1996, registrando 758,8 mm; e 1975, com 737,9 mm.

Os sistemas meteorológicos atuantes no mês de abril foram: Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM), Sistemas de Baixa Pressão, Cavado, Ventos Úmidos Provenientes do Oceano Atlântico e o avanço das frentes frias. Ressalta-se que a elevação da temperatura do Atlântico desempenhou um papel crucial na intensificação dos sistemas meteorológicos.

De acordo com os registros das estações monitoradas pelo Cemadec, o mês de abril de 2024 registrou expressivos acumulados em aproximadamente 2 horas e 30 minutos nas seguintes localidades: Boca do Rio – Centro de Convenções, 120,8 mm; Ondina, 98,4 mm; Federação, 96,6 mm; Rio Vermelho, 89,8 mm; Palestina, 88,8 mm; e Massaranduba, 86,4 mm.

Os bairros que mais registraram chuvas na capital baiana foram: Ondina, 821,7 mm; Liberdade – Vila Sabiá, 809,4 mm; Pituba – Parque da Cidade, 807,8 mm; San Martin, 789,6 mm; Massaranduba, 785,2 mm; Uruguai, 784,2 mm; Calçada, 768,6 mm; Nordeste de Amaralina, 764,2 mm; Rio Vermelho, 761,8 mm; e Brotas, 753,0 mm.