Políticos do Nordeste reagem a fala de Zema sobre consórcio Sul-Sudeste: ‘Repugnante’

 Políticos do Nordeste reagem a fala de Zema sobre consórcio Sul-Sudeste: ‘Repugnante’
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Foto: Henrique Raynal/Casa Civil

Após dar uma declaração polêmica sobre a formação de uma aliança Sul-Sudeste, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi duramente criticado. Neste domingo (6), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e outras autoridades da região utilizaram as redes sociais para lamentar o ocorrido.

“Não existe eles e nós, somos um só povo. Para o país dar certo, é preciso união entre os estados. Não devemos perder tempo com narrativas segregadoras, cuidar da nossa gente é o que realmente importa. Quando se trata de Brasil, vale o velho ditado: a união faz a força”, escreveu o petista ao compartilhar a nota publicada pelo Consórcio Nordeste criticando as falar de Zema.

Ao comentar a formação da frente, em resposta à articulação dos governadores dos nove estados nordestinos, Zema falou sobre o “protagonismo econômico e político” do Sul e Sudeste. Disse, ainda, que o Brasil funciona como um “produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”, referindo-se aos estados nordestinos.

O senador baiano Otto Alencar (PSD) também criticou as falas do governador mineiro. “A ignorância duvida porque desconhece o que ignora. Governador Zema, o norte de Minas Gerais tem 249 municípios incluídos como região nordeste, têm os mesmos benefícios da Sudene, Banco do Nordeste, etc. Seu discurso divisionista é repugnante, pobre, num estado de estadistas como JK, Tancredo, Milton Campos, Valadares e Afonso Pena”, escreveu o parlamentar.

Em resposta, o Consórcio Nordeste disse que o governador de Minas Gerais “demonstra uma leitura preocupante do Brasil” e que o Norte e o Nordeste foram regiões penalizadas ao longo das décadas pelos projetos nacionais de desenvolvimento.

Confira a nota do Consórcio Nordeste na íntegra:

“O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 5 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento.

O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais.

Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual.”