A Polícia Federal (PF) identificou o pagamento de quase R$ 8 milhões em propina a agentes públicos em contratos de pavimentação no município baiano de Campo Formoso. Os valores ilícitos estão ligados a emendas parlamentares do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), segundo a investigação batizada de Operação Overclean.
De acordo com a PF, um esquema criminoso associado aos empresários Alex e Fábio Parente, proprietários da Allpha Pavimentações, efetuou os repasses em troca da celebração de dois contratos que totalizaram R$ 51 milhões com a prefeitura. As obras eram custeadas por emendas de relator indicadas em 2022 pelo deputado Elmar Nascimento, por meio da Codevasf.
As licitações, sob responsabilidade da prefeitura local – então comandada por Elmo Nascimento, irmão do parlamentar –, teriam sido fraudadas com a participação de Francisco Nascimento, o “Francisquinho”, vereador e ex-secretário-executivo do município. Laudos da Codevasf já apontavam indícios de superfaturamento.
A investigação apurou que os pagamentos ilegais, no valor de R$ 7,9 milhões, ocorriam de maneira sistemática, com transporte terrestre e aéreo de dinheiro. Dados de geolocalização e mensagens interceptadas sustentam as suspeitas. Em uma conversa, Clebson, um dos envolvidos, escreveu a Francisquinho: “Tô com um negócio pra te entregar”.
Este não é o primeiro caso envolvendo o grupo. Em 2023, Francisquinho já havia sido alvo da operação, quando atirou R$ 200 mil pela janela antes de ser preso. Em julho de 2024, a PF encontrou mais R$ 10 mil escondidos em seus sapatos. A apuração também revela que, antes das obras de pavimentação, Elmo Nascimento já seria beneficiado com propinas em um contrato com a empresa Larclean, do mesmo grupo de empresários.
Posição da Defesa
Em nota enviada ao BNEWS, o deputado Elmar Nascimento afirmou “desconhecer eventuais aplicações indevidas de valores provenientes de emendas parlamentares, já que não compete a deputados federais realizar e organizar licitações municipais ou ordenar despesas municipais”. Ele também criticou a PF, declarando que “as especulações maliciosamente feitas pela Polícia Federal e criminosa e seletivamente vazadas à imprensa não foram referendadas nem pela Procuradoria-Geral da República e nem pelo ministro relator”. O caso tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).










