MEI: Confira as etapas após a reforma tributária

 MEI: Confira as etapas após a reforma tributária
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A proposta de reforma tributária do governo Lula, que inclui a implementação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), prevê benefícios fiscais para diversos profissionais liberais, além da possibilidade de créditos para despesas com insumos e investimentos ao longo da cadeia produtiva.

Os profissionais que trabalham como Pessoa Jurídica (PJ) vão precisar fazer contas para saber se vale a pena ou não migrar para o novo modelo de tributação, mesmo sem alteração de regras do Simples Nacional na reforma atual.

Segundo o Estadão, os profissionais liberais tenderão a permanecer no Simples mesmo com o desconto de 30% sobre a alíquota padrão, que é válido para17 categorias, segundo o projeto de lei do governo.

Já para os profissionais de saúde e educação, contemplados com um desconto maior em relação à alíquota padrão (60%), a conta ficará mais “disputada” entre os dois regimes. Para esse grupo, o que poderá ser determinante para a decisão de que modelo seguir serão os gastos com insumos de cada profissional, conforme aponta o Estadão.

Para um dentista, por exemplo, que tem despesas mais elevadas com materiais e equipamentos, o modelo de IVA da nova reforma pode ser mais vantajoso. Já o consultório de um psicólogo ou um nutricionista, que tem poucas despesas a deduzir, tende a ser mais benéfico permanecer no Simples.

O novo IVA tem como princípio a não cumulatividade plena, a fim de evitar a chamada tributação em cascata. Cada etapa da cadeia produtiva só pagará imposto efetivamente sobre o valor que adicionou ao produto. Assim, se uma empresa compra um insumo, por exemplo, ela obtém crédito com o imposto pago – uma vez que, na etapa anterior da cadeia, esse item já foi tributado.

O Simples Nacional tem um teto de faturamento de R$ 4,8 milhões. No entanto, para os impostos estadual (ICMS) e municipal (ISS), o teto é mais baixo, de R$ 3,6 milhões. Em cada faixa de faturamento, há uma alíquota definida pelo governo, que varia de 6% a 33%, mas com uma faixa de deduções que acaba derrubando praticamente à metade a carga efetiva das empresas.

Além disso, nesse porcentual, além dos impostos cobertos pela reforma atual, focada no consumo (PIS, Cofins, ICMS e ISS), estão embutidos os gastos com Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Previdenciária Patronal (CPP).

Para um prestador de serviços com faturamento de R$ 3 milhões por ano, por exemplo, a alíquota efetiva do Simples é de 16,8%. Desse porcentual, 8,3% são referentes aos pagamentos de ISS, PIS e Cofins (não há ICMS, por se tratar de serviço), que precisarão ser comparados com as alíquotas de IBS e CBS (os dois novos impostos criados pela reforma). Já outros 7,3% são de CPP e outros 1,3% de IRPJ e CSLL.Quem deixar o Simples, portanto, terá de pagar à parte 8,6% de impostos de CPP, IRPJ e CSLL. Por isso, o desconto na alíquota do IVA mais os créditos gerados precisam altos, para compensar essa despesa.