Gravações revelam uso de fiéis como cabos eleitorais

Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Áudios de reuniões realizadas na catedral da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), em Salvador, mostram o deputado federal e bispo Márcio Marinho (Republicanos-BA) detalhando uma estratégia de mobilização de votos. As gravações, obtidas pelo Intercept Brasil, são de abril de 2024 e revelam o uso da estrutura religiosa para fins eleitorais.

Marinho instrui líderes a aproveitarem a confiança dos fiéis para criar multiplicadores de votos. O plano envolve listas de transmissão e redes de contatos pessoais. Na mesma reunião, estavam presentes o bispo Sergio Corrêa, o deputado estadual Jurailton Santos (Republicanos), o secretário municipal Luiz Carlos de Souza e o vereador Kênio Rezende (PRD).

Rezende é ouvido sugerindo que pastores interrompam cultos para fazer um “pente-fino” nos títulos de eleitor. Marinho reforça a ordem, afirmando que o “trabalho de domingo” deve ser dedicado à regularização dos documentos. A estratégia de captação de votos orienta os fiéis a apresentarem candidatos como “amigo íntimo” ou “homem de bem”, evitando inicialmente o rótulo político.

O esquema também cita a atuação de bispos como Alessandro Paschoal, em São Paulo, e Célio Lopes (PSDB), ex-Rio. Lideranças nacionais, como o bispo Marcos Pereira, presidente do Republicanos, e o fundador da Universal, Edir Macedo, são igualmente mencionadas. Em Fortaleza, a tática foi replicada pelo vereador Ronaldo Martins (Republicanos).

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