O frei responsável pela Igreja de São Francisco de Assis, que desabou em Salvador no dia 5 de fevereiro, resultando na morte de uma turista e ferimentos em outras cinco pessoas, se posicionou sobre o pedido de vistoria feito ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em entrevista à TV Bahia, o religioso, Frei Pedro Júnior Freitas da Silva, esclareceu que, embora o documento enviado à instituição não tenha mencionado urgência, ele comunicou a necessidade de uma ação rápida à secretária do Iphan.
“Logo após enviar o e-mail, mandei uma mensagem para a secretária pedindo que a vistoria fosse realizada com certa urgência. Ela me respondeu que sim e agendou a data”, afirmou Frei Pedro.
Segundo o frei, a solicitação foi motivada por uma dilatação observada no forro do teto, identificada pelos funcionários da igreja, que relataram o problema. Contudo, o religioso explicou que não havia como medir a gravidade da situação e que o objetivo era receber orientação técnica sobre o que fazer. “Não foi possível interditar o local de imediato, pois não esperávamos um incidente de grandes proporções. Queríamos a vistoria do Iphan para saber como agir”, explicou.
Embora já houvesse um projeto de restauração em andamento, o trabalho ainda estava sendo planejado. O frei destacou que a tragédia poderia ter sido ainda mais grave, caso tivesse ocorrido em um dia de grande movimento, como nos domingos, terças e sextas-feiras, quando o local recebe mais visitantes. “Felizmente, não aconteceu em um dia de missa, quando a igreja costuma estar cheia”, disse.
Em resposta, o presidente do Iphan, Leandro Grass, reiterou que o pedido de vistoria foi protocolado na segunda-feira (3), sem qualquer indicação de urgência. “O documento não sinalizava uma emergência, e por isso a vistoria foi agendada para quinta-feira”, afirmou Grass.
O desabamento ocorreu enquanto o templo estava aberto à visitação. A jovem vítima fatal, Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, estava em Salvador em férias com amigos e o namorado, que não se feriram. A tragédia gerou uma investigação conduzida pela Polícia Civil e pela Polícia Federal, que já obteve imagens das câmeras de segurança da igreja.
A Defesa Civil de Salvador (Codesal) isolou o local e confirmou que a estrutura principal da igreja não foi afetada, mas o forro foi completamente destruído. A igreja segue interditada até que a situação seja regularizada, e a investigação continua para determinar as causas do incidente.
As investigações estão em andamento e incluem a realização de perícias, com a Polícia Federal informando que, por se tratar de um imóvel tombado, as consequências da tragédia podem envolver repercussões cíveis e administrativas, além de criminais.