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Força feminina na luta pela Independência abre IV Jornada do Patrimônio de Salvador 

 Força feminina na luta pela Independência abre IV Jornada do Patrimônio de Salvador 
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Foto: Jefferson Peixoto/Secom 

A mesa-redonda A Força das Mulheres na Constante Luta pela Independência abriu a IV Jornada do Patrimônio Cultural Salvador no Teatro Gregório de Mattos (TGM), no Centro, na quarta-feira (5). Participaram do debate a secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Domésticas da Bahia (Sindoméstico-BA), Rosângela Santana; a professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e doutora em História pela Universidade de São Paulo, Lina Aras; a artista Célia Tupinambá e a jornalista Wanda Chase. O encontro foi mediado por Lourivânia Soares, jornalista e pesquisadora do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult) da Ufba. 

Durante o evento, a historiadora Lina Aras falou um pouco sobre a participação das mulheres no processo de luta pela independência e fez uma relação com as lutas diárias e atuais que as mulheres ainda enfrentam. Ela ressaltou que as demandas femininas foram muito importantes nesse bicentenário pela independência e que a cada momento as mulheres reafirmam a necessidade de lutar pela sua liberdade. 

“Essa é uma mesa muito atual. Com essa discussão de hoje, estamos transformando um evento do passado em um momento de luta para que todas as pessoas aqui se identifiquem e criem um elo com as nossas mulheres que lutaram, e possam defender os seus projetos individuais e coletivos”, afirmou. 

A artista Célia Tupinambá participou da discussão de maneira virtual e exibiu um pouco do seu trabalho, o filme “Manto em Movimento e Silêncio”. “Eu vejo esse espaço como um lugar muito importante de autonomia para as mulheres, que ao longo do seu percurso histórico foram invisibilizadas ou colocadas em papel secundário”, disse. 

Reconhecimento – Representando o Sindoméstico-BA, Rosângela Santana falou um pouco sobre a importância do 2 de Julho atrelada à luta das trabalhadoras domésticas. “Essas heroínas que por muito tempo foram desconhecidas na sociedade se assemelham muito à classe das trabalhadoras domésticas. Nós, nos dias de hoje, em pleno século XXI, ainda temos nossos direitos negados e essas mulheres que lutaram na Independência são um exemplo para nós, justamente para que continuemos lutando para que os direitos das trabalhadoras domésticas sejam reconhecidos e para que a cada dia possamos fortalecer a nossa categoria”, destacou. 

A jornalista e uma das criadoras do Movimento Negro Unificado de Pernambuco (MNU), Wanda Chase, contou um pouco da história dela pessoal e profissional, fazendo uma relação com a sua luta por resistência. “O que é independência? A minha independência é me assumir como negra, é me engajar numa luta com o uso de várias estratégias, algumas reveladas e outras não”, ressaltou. 

Caboclos – Mais cedo, às 14h30, a conferência “Algazarra nas ruas: os Caboclos e seu povo nas comemorações da independência” foi realizada pela professora Walmyra Albuquerque. A programação do dia foi encerrada com a apresentação artística do Slam das Minas e com a Volta da Cabocla, volta dos carros emblemáticos para o Pavilhão 2 de Julho, no Largo da Lapinha, após três dias no Campo Grande. 

Programação – Nesta quinta-feira (6), às 14h haverá a mesa-redonda “A Construção e as Comemorações da Independência no Brasil, Argentina e Uruguai” com a presença dos professores Albino Rubim e Álvaro de Giorgi. Às 15h30, o público assistirá ao média-metragem “2 de Julho – Caminhos da Liberdade”, dirigido por Mira Silva e Pedro Santana. O filme apresenta detalhes curiosos sobre o processo de Independência do Brasil na Bahia, em 1823.  

Às 16h, Emanoel Pitta de Brito, presidente da Associação Cultural Grupo Indígena Os Guaranis, e Marina de Leão de Aquino Barreto, representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), formam a mesa sobre a Patrimonialização das Festas da Independência do Brasil na Bahia. Às 17h30, os professores Milton Moura e os pesquisadores Felipe Brito e Inah Irenam realizam a mesa-redonda “Os Caboclos da Bahia”. A apresentação artística de encerramento fica por conta do Samba de Caboclo. 

Na sexta-feira (7), às 14h, o professor José Dirson e as professoras Márcia Sant’Anna e Priscila Cabral Almeida (Ufba) discutem sobre o Cortejo, Patrimônio e Memória no 2 de Julho. Às 15h30, acontece a exibição do documentário “Balizando o 2 de Julho”, que acompanha a participação de membros da comunidade LGBTQIA+ no cortejo da festa.  

Às 16h, os professores Fabio Baldaia, Maria das Graças Leal e o pesquisador Vinícius Zacarias participam da mesa “O Cortejo do Dois de Julho: Participação Popular e Patrimônio”. Às 17h30, o evento anuncia os vencedores dos Concursos de Balizas, Fanfarras e Fachadas, cujos participantes foram avaliados durante o cortejo. 

Evento – Nesta quarta edição, a Jornada do Patrimônio Cultural Salvador é realizada pela FGM em parceria com o Cult/Ufba, e integra a programação do bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, valorizando os patrimônios do 2 de Julho e a participação popular feminina e dos caboclos tanto nas lutas pela independência quanto nas celebrações. Os eventos estão sendo transmitidos no canal da FGM do YouTube (@FundacaoGregoriodeMattos).  

A Jornada do Patrimônio integra o Programa da FGM intitulado Salvador Memória Viva, sendo um espaço importante de debates especializados sobre patrimônios materiais, imateriais, de monumentos, fontes, outros sítios históricos e lugares de memória de Salvador. Além disso, o evento contribui para a educação patrimonial, essencial à preservação e salvaguarda dos patrimônios da capital baiana.