A construção da Escola Municipal do Curralinho, no bairro do Stiep, em Salvador, que deveria ser concluída em 2023, ainda está longe de ser finalizada. A unidade, projetada para se tornar referência no ensino para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), acumula quase dois anos de atraso, sem data definida para a entrega. O contrato firmado entre a Prefeitura de Salvador e a Nordeste Engenharia, em 2021, previa um prazo de 18 meses para a obra, mas o projeto segue em andamento.
Erguida em um terreno de 6,7 mil m², a escola contará com 20 salas de aula climatizadas, estrutura acessível, quadra poliesportiva, refeitório e diversos outros espaços. O custo inicial da obra, que foi de R$ 12 milhões, teve um acréscimo de 35%, chegando a R$ 16,2 milhões, devido a quatro aditivos no contrato. Esses aumentos de custo foram ocasionados por imprevistos durante a execução da obra, que exigiram ajustes no projeto.
O governo federal contribuiu com uma parte significativa dos recursos, cerca de R$ 9,6 milhões via o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), enquanto o restante foi arcado pela Prefeitura de Salvador, que já havia investido R$ 6,6 milhões. A primeira alteração no orçamento ocorreu menos de um ano após o início das obras, quando o custo subiu de R$ 12 milhões para R$ 13,2 milhões, superando até mesmo a proposta inicial mais alta recebida na licitação.
A entrega da escola foi inicialmente planejada como parte do projeto de ampliação do Atendimento Educacional Especializado (AEE) para atender 5 mil alunos da rede municipal, com foco na inclusão de crianças com TEA. Hoje, mais de 1,6 mil alunos com o transtorno estão matriculados nas escolas municipais de Salvador, necessitando de um atendimento especializado.
A AMA-BA (Associação dos Amigos do Autista da Bahia), que seria a responsável pela gestão da unidade após sua conclusão, aguarda a entrega do espaço para transferir suas atividades. A entidade foi procurada para comentar sobre os impactos do atraso na operação da escola, mas não se pronunciou.
A Secretaria Municipal da Educação (Smed) informou que as modificações no contrato foram necessárias para viabilizar a continuidade da obra, mas que alguns ajustes não poderiam ser implementados dentro do contrato original, exigindo a elaboração de um novo contrato para garantir a finalização da unidade. Além disso, a Smed divulgou que um novo processo licitatório está em andamento e a previsão é de que a escola seja entregue até novembro de 2025.
A prefeitura também destacou que, até o momento, 28 das 52 escolas planejadas para construção ou reconstrução foram entregues, com novas inaugurações previstas para este ano, com uma unidade sendo entregue a cada semana no primeiro semestre.