19 de fevereiro de 2025
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Crise política na Romênia: presidente Klaus Iohannis renuncia para evitar impeachment

 Crise política na Romênia: presidente Klaus Iohannis renuncia para evitar impeachment

Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

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A Romênia enfrenta mais um capítulo de sua crise institucional com a renúncia do presidente Klaus Iohannis, anunciada nesta segunda-feira (10), a três meses das eleições. Pressionado por partidos de ultradireita que planejavam votar seu impeachment no Parlamento, Iohannis justificou sua saída como uma tentativa de evitar maiores instabilidades no país.

“Para evitar uma crise para a Romênia e seus cidadãos, deixarei o cargo na quarta-feira (12)”, declarou o agora ex-presidente em um discurso na capital, Bucareste.

Com a renúncia, o presidente do Senado, Ilie Bolojan, líder do Partido Liberal e integrante da coalizão governista, assumirá o cargo interinamente até as eleições presidenciais, que terão dois turnos nos dias 4 e 18 de maio.

A crise política na Romênia se arrasta desde o ano passado. Em novembro, a Suprema Corte anulou a eleição presidencial devido a suspeitas de interferência russa. A decisão determinou que Iohannis permanecesse no cargo, mesmo com o fim de seu mandato oficial em dezembro, até que um novo presidente fosse escolhido em maio deste ano.

No primeiro turno da eleição, Calin Georgescu, candidato de ultradireita, surpreendeu ao alcançar 22% dos votos, apesar de aparecer com menos de 5% nas pesquisas dias antes do pleito. A ascensão repentina levantou dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral. Georgescu defende o rompimento do apoio da Romênia à Ucrânia e uma aproximação com Moscou.

Diante de um relatório sigiloso produzido pelos serviços de inteligência romenos, que apontava “ataques híbridos agressivos” da Rússia comprometendo a votação, a Justiça decidiu suspender o processo eleitoral.

Mesmo assim, em janeiro, três partidos de extrema direita, que juntos controlam cerca de 35% do Parlamento, apresentaram uma moção para impugnar Iohannis. Diante de sua impopularidade e da possibilidade de parlamentares pró-europeus aderirem ao impeachment, o presidente optou por deixar o cargo antes da votação.

O avanço da extrema direita no país tem intensificado os embates políticos. O bloco ultranacionalista, fortalecido desde a surpreendente vitória de Georgescu no primeiro turno, tem usado a campanha contra Iohannis para mobilizar protestos e influenciar a agenda política romena.

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