Bolsonaro diz que prisão seria o fim da vida e nega golpe

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob acusação de liderar uma trama golpista, declarou que sua prisão seria “o fim da vida”, já que está com 70 anos. Em entrevista concedida à imprensa, ele negou que tenha tentado impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que as conversas sobre estado de sítio e intervenção federal em 2022 não passaram de discussões teóricas, rapidamente descartadas.

“Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história nos mostra, você não resolve em meses. Para isso, precisa de apoio da imprensa, do empresariado, de núcleos religiosos, do Parlamento e da comunidade internacional. Nunca houve essa construção”, afirmou Bolsonaro.

O ex-presidente é acusado de cinco crimes, incluindo associação criminosa e tentativa de abolição do Estado democrático de direito, cujas penas somadas podem ultrapassar 40 anos. Além disso, ele é investigado em outros processos, como o caso das joias sauditas e a falsificação do cartão de vacina.

Bolsonaro afirmou que considera uma possível prisão injusta e que isso encerraria não apenas sua carreira política, mas também sua própria vida.

“É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”, declarou. Ele também criticou o que considera perseguição judicial: “Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa? Cadê a prova de um possível golpe? A não ser discutir dispositivos constitucionais que não saíram do âmbito de palavras”.

Também criticou as investigações e questionou as declarações de seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada. Segundo ele, delatores devem apresentar provas concretas para embasar suas acusações.

Questionado sobre um possível pedido de asilo político nos Estados Unidos, Bolsonaro descartou a hipótese e afirmou que pretende continuar no Brasil. Ele também comentou os debates no Congresso sobre uma possível anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, afirmando que não quer ser beneficiado diretamente.

“Quando começou a tramitar, eu falei: não quero saber de anistia envolvendo meu nome. Mas tem muita gente presa injustamente, e isso precisa ser resolvido”, disse.

O STF ainda não definiu uma data para o julgamento de Bolsonaro.

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