Artistas criticam venda de áreas verdes em Salvador

Foto: Reprodução, redes sociais

A polêmica sobre a venda de áreas verdes em Salvador ganhou força nas redes sociais após artistas como Anitta, Regina Casé e Daniela Mercury se posicionarem contra o leilão de terrenos na capital baiana. O debate se intensificou depois que a Justiça Federal suspendeu a venda de uma área de 3.160 m² no Morro do Ipiranga, no bairro da Barra, que estava cotada por R$ 4,9 milhões.

A decisão judicial considerou que o local, coberto por vegetação de restinga – parte do bioma Mata Atlântica –, apresenta risco de erosão e instabilidade do solo, tornando sua comercialização ilegal. Daniela Mercury, uma das vozes mais ativas na discussão, questionou a lógica de leiloar áreas ambientais em meio a uma crise climática.

“Por que vender áreas de proteção ambiental em plena crise climática? Salvador já está sofrendo com temperaturas muito altas, a gente não pode perder a pouca vegetação que tem”, afirmou a cantora, que ressaltou a importância de preservar a identidade ecológica da cidade.

Regina Casé também se manifestou de forma incisiva: “A gente não pode deixar derrubar nenhuma área verde, temos que cuidar de todas as áreas verdes que existem em Salvador”*. Anitta, que já havia se pronunciado sobre causas ambientais em outras ocasiões, reforçou a necessidade de respeitar os limites da natureza.

A controvérsia não é recente. Há mais de uma década, a venda de terrenos públicos em Salvador gera discussões. Conforme lembrou uma reportagem do G1 Bahia, entre 2014 e 2017, a Câmara Municipal aprovou dois projetos de lei que permitiram a desafetação (remoção da proteção legal) de diversas áreas verdes.

Nesse período, 16 terrenos foram vendidos, gerando R$ 82 milhões aos cofres públicos – parte desse valor, segundo a prefeitura, foi destinada à construção do Hospital Municipal. A Lei nº 9233/2017 ampliou ainda mais a possibilidade de vendas, incluindo 32 imóveis, muitos deles localizados em bairros nobres como Barra, Itaigara e Caminho das Árvores.

O problema é que, segundo dados do IBGE, Salvador já é a segunda capital brasileira com o pior índice de arborização. A perda de áreas verdes agrava problemas urbanos, como ilhas de calor, aumento das temperaturas e riscos de deslizamentos em encostas. Para Daniela Mercury, a discussão precisa ir além.

“Que a gente não perca nossa identidade. Me interessa muito que a minha cidade seja uma cidade que respeita a natureza”.

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