Após audiência do “VLT” na CMS, Carta Aberta é enviada ao governo solicitando cancelamento de contrato

 Após audiência do “VLT” na CMS, Carta Aberta é enviada ao governo solicitando cancelamento de contrato
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Fotos: Reginaldo Ipê/ CMS

Em audiência pública realizada na Câmara Municipal de Salvador nesta quinta-feira (3), mais de 100 pessoas assinaram uma Carta Aberta dirigida ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, solicitando o cancelamento do contrato do Monotrilho (VLT) do Subúrbio e discussão de nova alternativa para modal de transporte. A iniciativa foi liderada pelo vereador Claudio Tinoco (União), que propôs a realização da audiência pública, e recebeu o apoio e assinatura do vereador Palhinha (União), além dos deputados estaduais Leandro de Jesus (PL) e Hilton (Psol).

A Carta Aberta requer a abertura imediata de uma ampla discussão com a sociedade sobre um novo projeto para a implantação de um sistema de transporte de passageiros e cargas sobre trilhos no local. Ela será protocolada ainda na tarde desta quinta-feira (3) na Governadoria e uma versão, dessa vez digital, será disponibilizada ao público pelo vereador a partir desta sexta-feira (4).

A audiência ocorre após o adiamento pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) do julgamento de um processo que aponta ao menos 14 irregularidades no contrato entre o governo e a Metrogreen Skyrail Concessionária Bahia S.A. para a construção do Monotrilho (VLT) do Subúrbio. No julgamento, iniciado no último dia 25, o procurador do estado afirmou que há grandes chances de cancelamento do contrato.

“Essa é a nossa terceira audiência para debater a implantação do Monotrilho do Subúrbio, chamado erroneamente pelo estado de VLT. Nosso objetivo é trazer para a sociedade informações relevantes no processo, sobretudo quando o estado está admitindo a possibilidade de cancelar o contrato sem sequer apresentar para a população uma nova alternativa de transporte”, destacou o vereador Claudio Tinoco, presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Relações Internacionais da Câmara.

Além de Tinoco, estiveram presentes na audiência pública os deputados estaduais Leandro de Jesus (PL) e Hilton (Psol); o vereador Palhinha (União); o Coordenador Geral do Movimento Trem de Ferro Gilson Vieira; o Diretor de Transporte da Secretaria de Mobilidade de Salvador, Matheus Moura; o Membro da Comissão de Desenvolvimento e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Bahia, Leonardo de Souza; o vereador de Simões Filho, Jackson Bonfim; além da Secretária de Cultura, Esporte e Turismo de Alagoinhas, Iraci Gama.

O texto da Carta Aberta ainda solicita a integração do novo modal de trilhos do Subúrbio com o Porto de Salvador e com a Região Metropolitana, tendo o trecho que passa pelo Subúrbio Ferroviário de Salvador restabelecido como eixo prioritário para implantação.

O vereador Palhinha destacou que o cancelamento do contrato do VLT não é apenas uma pauta de transporte, mas também uma questão social e econômica, tendo em vista que os trens do Subúrbio, que custavam R$ 0,50, foram retirados do local pelo governo sem qualquer alternativa. “Essa é uma causa que trata da dependência financeira e do impacto muito grande nas pessoas de baixa renda da nossa cidade, sobretudo as moradoras e trabalhadoras do Subúrbio Ferroviário.”

O deputado Hilton classificou toda a situação do VLT do Subúrbio como uma “falta de respeito” por parte do estado com os soteropolitanos, em particular com os moradores da região que utilizavam o modal diariamente para se locomover. “Nossa defesa é que tenhamos novamente um trem regional. Um trem modernizado que faça uma ligação com o Recôncavo baiano, o Sertão e a Região Metropolitana de Salvador”, disse.

O deputado Leandro de Jesus, que é autor de um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para avaliar o Monotrilho do Subúrbio, foi além e afirmou que a paralisação das obras é um “ato criminoso” do governo do estado, que demonstra “descaso” e “falta de respeito” com a população. “A situação do VLT é lamentável, e essa paralisação já dura anos, causando prejuízos econômicos, sociais e históricos para milhares de pessoas em Salvador. Não estamos falando apenas de um meio de transporte, mas de uma história que faz parte da cultura da cidade”, ressaltou Leandro de Jesus.

Gilson Vieira, Coordenador Geral do Movimento Trem de Ferro, propôs o restabelecimento do Sistema Ferroviário de Salvador. Para ele, o projeto tem menor tempo de execução e custo, maior capacidade de desenvolvimento, além de ter maior viabilidade de extensão para o estado.

Representante da OAB, Leonardo de Souza, destaca o dever de transparência do estado, que “não deve ser um ato de vontade”, e a importância da audiência pública para a democracia, conscientizando e mobilizando as pessoas sobre o tema. “Pelo histórico que aqui acompanhamos, vemos a necessidade de um olhar mais atento ao andamento do processo. Acrescido ao histórico, temos o silêncio eloquente da administração responsável”, disse.