Diálogos obtidos pela Polícia Federal com o Supremo Tribunal Federal revelaram os meandros de um suposto esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares, usando até jargões como “caloi” para supostamente disfarçar pagamentos ilícitos. As informações foram divulgadas pela jornalista Natalia Portinari, do UOL, e estão ligadas à investigação da Operação Overclean.
A investigação apura que, antes de uma decisão do STF mudar as regras, deputados podiam destinar verbas do orçamento, conhecidas como emendas Pix, para qualquer município sem a necessidade de projetos específicos. Conforme as mensagens, esses valores eram direcionados a empresas em licitações fraudulentas.
O dinheiro público, após deixar os cofres, transitava por negócios de fachada antes de ser distribuído como propina entre políticos e empresários, de acordo com as provas colhidas.
Um dos núcleos do inquérito mira o gabinete do deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA). A troca de mensagens, à qual o UOL teve acesso, envolve o empresário Evandro Baldino do Nascimento e o assessor parlamentar Marcelo Chaves Gomes.
Na conversa, surgem termos codificados como “platitas”, “laplatina”, “garfo”, “soldas”, “garrotes” e “praguinhas” para aludir a quantias em dinheiro. Há também indícios de supostos repasses financeiros de Evandro para Marcelo, que atuava na liberação das emendas.
Questionada, a defesa de Marcelo afirmou que o segredo de Justiça impede comentários sobre o caso e reiterou a “inocência do seu constituinte”. Já Félix declarou que nunca negociou emendas com o empresário e não enviou recursos para suas companhias. A defesa de Evandro não se manifestou.
Confira alguns prints publicados pelo UOL:










