Em entrevista ao programa Dando a Real, da TV Brasil, Jaques Wagner (PT), líder do governo no Senado, fez duras críticas a superficialidade do debate político atual. Durante a participação no programa, o petista também chamou atenção para o avanço da extrema-direita no Senado.
Em conversa com o jornalista Leandro Demori, Wagner criticou a queda da “liturgia” no meio político. “As pessoas perderam um pouco da liturgia do relacionamento humano e se acham no direito de ofender por pensar diferente. Eu vivi 12 anos no Parlamento, na Câmara dos Deputados, e nós tínhamos debates até duros, mas com troca de argumentos. É a moda da lacração, e aí se estabelece um clichê, não tem muita profundidade, não tem muito argumento”, afirmou.
O senador destacou ainda a preocupante mistura entre religião e política. “Está havendo uma mistura indevida. O púlpito de uma igreja serviu agora para pregação política”, alertou. Além disso, ele criticou a falta de regulação nas redes sociais, que facilita a desinformação. “Se não houver algum grau de regulação, os seres humanos vão parar de tomar conta da política. Quem vai tomar conta da política serão os algoritmos”, avaliou.
Wagner também chamou atenção para o avanço da extrema direita no Senado, especialmente nas eleições de 2026. O petista lembrou que no próximo pleito estarão em disputa 54 cadeiras.
“Eles [a extrema direita] já têm da ordem de 20, e se fizerem mais 20 podem passar a ter uma maioria. Isso é muito perigoso porque no Senado você aprova ministro dos tribunais superiores, membros das agências, embaixadores no exterior; é lá que você, em tese, entraria com um processo, como eles vivem toda hora falando, de impeachment de ministro supremo. Então, se eles fazem uma maioria com esta lógica fanatizadora, nós podemos ter um problema grave.”, concluiu.