O ex-comandante do 24º Batalhão da Polícia Militar de Brumado, tenente-coronel Élson Cristóvão Santos Pereira, está no centro de uma investigação por alegações de conduta inadequada contra uma major e outras policiais do efetivo feminino. O oficial foi acusado de assédio sexual e moral por uma major e outras colegas de corporação.
As denúncias, divulgadas pelo Jornal Correio, foram encaminhadas à Corregedoria da PM no início deste ano, resultando na exoneração do cargo. Os primeiros relatos sobre o caso vieram à tona em grupos de mensagens no final de novembro de 2024. Dias depois, as supostas vítimas prestaram depoimento ao Ministério Público, onde detalharam situações constrangedoras vivenciadas.
Entre as acusações, consta que o militar fazia comentários de cunho sexual sobre a aparência das agentes, inclusive na presença de outros colegas, com referências a partes íntimas do corpo, “em evidente e constrangedora conotação sexual”. As recusas a convites pessoais teriam desencadeado retaliações, com o superior passando a “assediar moralmente as policiais, desqualificar seus trabalhos, sempre na presença de outras pessoas, policiais e civis, dentro e fora do quartel”.
Uma das denunciantes, uma major transferida a pedido do próprio acusado para a Coordenadoria de Suporte Operacional, relatou que, após elogios profissionais iniciais, passou a receber observações sobre seu físico, como: “Sua malhação está fazendo efeito”, “como você está cheirosa”, “suas pernas estão grossas, hein”, e “ó, se a loira quiser, o negão vai aí, hein”.
Em outra ocasião, durante um treinamento, ao discutirem operações com disfarces, o então comandante teria dito às agentes que se ofereceram para a ação: “vocês não, vocês eu quero sem peruca na minha casa”.
A reportagem do jornal Correio revela, ainda, que com a repercussão das denúncias, a major foi chamada por um subcomandante, que sugeriu abafar o caso, argumentando que “a notícia consiste em meio para enfraquecer o comando”.
Afastado do comando em dezembro passado, o acusado foi posteriormente realocado para uma função administrativa na PM. Com passagem por unidades na capital, o militar limitou-se a declarar, quando questionado, que “qualquer coisa relativa a minha pessoa e a minha vida profissional vem recebendo o trato institucional”.