Otimismo do empresário do comércio recua 2,9% em janeiro, aponta Fecomércio-BA

Aumento da taxa de juros alimenta incertezas sobre a economia do país

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, registrou queda de 2,9% em janeiro na comparação com dezembro e volta aos 109,4 pontos. No contraponto anual, o recuo foi ainda maior, de -5%, quando o indicador estava em 115,1 pontos. O levantamento foi divulgado pela instituição nesta segunda-feira (3).

O ICEC varia de 0 a 200 pontos, sendo que valores entre 100 e 200 indicam confiança dos empresários de Salvador, enquanto valores de 0 a 100 refletem pessimismo. Quanto mais próximo dos extremos (0 ou 200), maior a intensidade da confiança ou do pessimismo dos empresários do comércio.

É um movimento natural no início do ano esse recuo do indicador, pelo período pós-Natal, de euforia para o comércio varejista. Inclusive, quem mais contribuiu para o desempenho mensal foi o índice de investimento do empresário do comércio, o IIEC, que retraiu 5,5%, puxado pelo indicador de contratação de funcionários, com que da 12,7%. Ou seja, é o ciclo de desligamento dos temporários e diminuição na intenção de contratação neste início de ano, de menor movimento relativo.

Quando se observa o índice das condições atuais do empresário do comércio, o ICAEC, ficou praticamente estável em janeiro, nos 83,4 pontos, mas com divergência nos resultados, com queda de 1,7% na avaliação da economia e, por outro lado, aumento de 1,3% na avaliação do setor varejista. Fica claro que as vendas de dezembro, mês do Natal, devem ter seguido o seu ritmo esperado, de crescimento, diante de um cenário econômico das famílias favorável, com forte emprego, injeção do 13º salário e crédito disponível. No entanto, há um grau de cautela quando se analisa o quadro geral do país.

Isso fica mais evidente quando analisados os dados do futuro do indicador. O índice de expectativa do empresário do comércio, IEEC, registrou recuo de 2,7% em janeiro, e o otimismo saindo de 145,9 pontos para os atuais 141,9 pontos. Houve retração tanto na avaliação da economia (-3,2%), quanto nas empresas do comércio (-2%).

A Fecomércio-BA vem observando esse cenário há um tempo, de dois momentos distintos, do atual mostrando crescimento e bons números e o futuro com um grau elevado de incertezas, o que vem prejudicando investimentos. O aumento de juros é um dos pontos principais, pois o empresário sabe da importância do crédito para o consumo das famílias. E com a tendência de aumento da SELIC, podendo chegar a 15% neste ano, certamente terá um efeito negativo sobre as vendas no comércio, sobretudo naqueles setores mais vulneráveis a essa variável, como eletroeletrônicos, materiais de construção, entre outros.

Outra questão importante é sobre o equilíbrio fiscal do governo que, até agora, não tem se mostrado controlado, o que pressiona inflação e juros no país. Desta forma, impõe um grau de pessimismo em relação a economia e o desempenho dos setores ao longo deste ano.

Portanto, a queda de janeiro não é nenhuma grande surpresa e é natural que ocorra. Embora o indicador continue no patamar otimista, acima dos 100 pontos, está havendo uma deterioração da avaliação do médio e longo prazo, o que pode minar investimentos, contratações e dificultar um desempenho ainda mais forte do setor varejista na região de Salvador.