Advogada baiana conquista maior condenação por racismo no Brasil
A advogada baiana Juliana Souza, de 33 anos, foi responsável pela maior condenação por racismo no Brasil. Ela representou o casal de famosos Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank no processo contra Day McCarthy, em defesa da injúria racial e racismo contra Chissomo, conhecida como Titi. O caso ocorreu em 2017, quando a menina tinha 4 anos de idade.
“Essa é a primeira vez que, em resposta ao racismo, o Brasil condena uma pessoa a prisão em regime fechado. Sim, estamos em 2024 e ainda é a primeira vez. Apesar de tardio, é histórico”, afirmou o casal.
O advogado de Day McCarthy, Gil Ortozal, comentou que a cliente ficou surpresa com a condenação e pretende recorrer. “Assim que tivemos acesso ao teor da sentença, comunicamos à cliente, que ficou perplexa com a pena alta e o regime fechado. Neste momento, ela nos pediu para retomar a defesa, dado o caráter complexo do caso e nosso conhecimento dos pormenores técnicos. Faremos isso, destacando que a cliente reconhece seu erro, reitera o pedido de perdão à vítima e à família, e acredita que o recurso é necessário devido a excessos na dosimetria e na condenação geral”, explicou Gil Ortozal.
Juliana Souza, que também é influencer e cantora, costuma aparecer ao lado de famosos e publicou um texto em suas redes sociais comemorando a conclusão do caso. Ao lado de Bruno Gagliasso, ela escreveu:
“Após anos de trabalho incansável, dedicação e estudo, hoje tive a honra de ver a justiça prevalecer. A condenação de 8 anos e 9 meses, inicialmente em regime fechado, no caso Gagliasso x Day McCarthy não é apenas uma vitória para a família Gagliasso — é uma vitória para todos nós. É a prova de que o racismo não compensa e que podemos, sim, mudar o curso da história.”
Ela também destacou o simbolismo pessoal da decisão: “Como advogada, e principalmente como uma mulher negra que já foi uma criança preta, essa decisão carrega um simbolismo profundo. Ela me lembra que nossa luta é legítima e que cada passo que damos é crucial para garantir que nenhuma criança tenha que passar pelo que a Titi passou, ou pelo que eu passei. Hoje, durmo um pouco mais tranquila. Mas amanhã, acordarei novamente com a mesma missão: fazer justiça. Essa vitória não é apenas minha, é de todas as advogadas e advogados negros que estão na linha de frente, enfrentando desafios imensos, mas que seguem firmes, porque sabem que nossa luta é maior”, completou.