Com indiciamento de Bolsonaro, FUP exige cancelamento da venda da refinaria de Mataripe

 Com indiciamento de Bolsonaro, FUP exige cancelamento da venda da refinaria de Mataripe

Foto: Andre Valentim / Agencia Petrobras

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Na terça-feira (9), em comunicado oficial, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) pediu o cancelamento da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e sua imediata reestatização após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias sauditas.

De acordo com o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, a Refinaria foi “vendida a preço de banana” para a Fundo Mubadala Capital, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, por apenas US$1,65 bilhão, mesmo que a precificação de mercado indicasse, na época, que a refinaria valia no mínimo US$4 bilhões.

“Tudo leva a crer que essa quadrilha pode ter roubado muito mais do que joias. Os milhões envolvidos nesse crime vergonhoso nem chegam perto do prejuízo de bilhões de dólares que a Petrobrás e o povo brasileiro amargaram com a privatização da Rlam. Será coincidência a nossa refinaria ter sido vendida por menos da metade do valor de mercado para o Mubadala, meses após Bolsonaro e seus comparsas, incluindo o ex-ministro das Minas e Energia, terem recebido indevidamente joias milionárias de autoridades do Oriente Médio? Estamos diante de um crime de lesa-pátria que precisa ser investigado, como nós petroleiros e petroleiras cobramos há anos”, afirma Deyvid Bacelar.

No dia 30 de novembro de 2021, a Petrobrás anunciou a venda da refinaria para o fundo dos Emirados Árabes por US$ 1,65 bilhão, menos da metade do seu valor de mercado. Estudos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontaram que o preço real da refinaria ultrapassava os 3 bilhões de dólares. Analistas do BTG Pactual e da XP Investimentos também questionaram o valor de venda da Rlam e a imprensa chegou a repercutir que o preço negociado pela Petrobrás inicialmente com o fundo árabe era de US$ 3,04 bilhões.

A FUP e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) ingressaram com várias ações na Justiça Federal e representações junto aos órgãos controladores da Petrobrás denunciando os prejuízos que a venda da refinaria baiana causaria ao patrimônio público, aos consumidores brasileiros e aos acionistas da empresa.

Segundo o coordenador da FUP, a Controladoria Geral da União chegou a emitir um relatório apontando que a refinaria foi vendida por menos da metade do seu preço. Há cerca de um ano, a instituição apresentou um pedido de investigação ao Ministério Público Federal sobre a relação entre as joias recebidas por Bolsonaro e a venda da Refinaria.