Bahia desperdiça água equivalente a 2 mil Diques do Tororó por dia, segundo estudo

 Bahia desperdiça água equivalente a 2 mil Diques do Tororó por dia, segundo estudo

Foto: Setur-BA

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Uma parcela significativa da água potável tratada na Bahia não alcança a população, em decorrência de perdas consideráveis por vazamentos e ligações clandestinas. Em 2022, o volume desperdiçado chegou a 231,4 milhões de metros cúbicos, o equivalente a 2.100 vezes a capacidade do Dique do Tororó.

O volume de água potável desperdiçado na Bahia anualmente possui capacidade para abastecer integralmente uma cidade com população de 2 milhões de habitantes durante um ano. Essa quantidade supera em 50% o consumo anual de água da cidade de Salvador, que possui 2,417 milhões de residentes. As informações foram reveladas pelo Instituto Trata Brasil, através do Estudo de Perdas de Água, lançado na quarta-feira (5), em parceria com a consultoria GO Associados. A base de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) foi utilizada.

A perda, equivalente a 2.103 diques, representa 42,4% de toda a água potável que deveria chegar à população no estado. O desperdício é superior à média nacional, que é de 37,8%. Goiás é o estado com o menor percentual de água perdida, com 28%. No outro extremo, o Amapá teve desperdício de 71% da água potável.

“A Bahia tem desperdício um pouco maior do que a média do país, mas não está entre os piores estados, que perdem mais de 60% de toda a água produzida. É preciso que o tema seja prioritário para que os indicadores melhorem e atinjam a meta de 25% do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)”, analisa Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil.

O estudo analisou a perda de água dos 100 municípios mais populosos do país, sendo quatro deles baianos: Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Camaçari. De acordo com o levantamento, a capital baiana e Camaçari estão entre as cidades com os piores índices de perda no faturamento, ocupando as posições 96º e 92º, respectivamente.

Em Salvador, a Embasa deixa de arrecadar, por vazamentos e ligações ilegais de água, 61% do faturamento. Já em Camaçari, o índice é de 59%. As perdas de água são caracterizadas de duas formas. São comerciais, quando existem ligações ilegais, e físicas nos casos de vazamentos e rompimentos de tubulações.

No caso das ligações clandestinas, popularmente chamadas de “gato”, a água é utilizada, apesar de não ser contabilizada pela empresa. Clecio Cruz, diretor técnico e de planejamento da Embasa, estima que, do total de água perdido, 35% é por ineficiência estrutural. Os outros 65% ocorrem por ligações ilegais.