Empresa da antiga Odebrecht ignora audiência do MP-BA sobre espigões no Buracão

 Empresa da antiga Odebrecht ignora audiência do MP-BA sobre espigões no Buracão

Foto: Filipe Luiz/Metropress

Compartilhe

A incorporadora OR, pertencente ao Grupo Novonor (antiga Odebrecht), ignorou a audiência pública realizada na sexta-feira (24) pelo Ministério Público da Bahia para discutir o polêmico projeto de construção de dois espigões na Praia do Buracão, a mais badalada do Rio Vermelho. Segundo o Ministério Público, a empresa não enviou representantes ao encontro, que foi organizado após uma enxurrada de críticas sobre possíveis danos ambientais relacionados ao empreendimento, além de acusações de desrespeito à Lei de Ocupação e Uso do Solo do Município (Louos). Os participantes da audiência atribuíram a ausência da OR às dificuldades que a empresa teria em refutar a análise apresentada ao MP por especialistas da Faculdade de Arquitetura da Ufba, que afirmam que o condomínio de luxo causará inevitavelmente o sombreamento da praia.

Os estudos conduzidos por arquitetos da Ufba avaliaram os impactos da construção de um prédio de 15 andares na Praia do Buracão, concluindo que a praia seria sombreada durante todo o ano, especialmente entre 9h e 15h, o período de maior movimento de banhistas. Este sombreamento seria mais pronunciado no inverno e agravado pelo fato de o projeto incluir também uma torre de 16 andares.

O professor Luiz Antonio de Souza alertou para a extensão das sombras sobre edificações existentes e criticou o empreendimento por favorecer interesses imobiliários em detrimento do uso público da praia. Os especialistas apoiaram a recomendação da promotora de justiça Hortênsia Pinho para que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) anulasse o alvará de construção, classificando o projeto como uma violação das leis urbanísticas e ambientais de Salvador.