Letalidade policial bate recorde e cresce 15% na Bahia

Na quarta-feira (31), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) divulgou que dados apontam que o indicador de letalidade policial cresceu 15% na Bahia em 2023, em comparação com o ano anterior.

No ano de 2022, último ano da gestão do então governador Rui Costa (PT), o número de pessoas mortas em ações policiais era de 1.468. Em 2023, o número subiu para 1.689, já no governo Jerônimo Rodrigues (PT).

Desde que os dados começaram a ser divulgados pelo Governo em 2008, esta é a primeira vez que o número chega a este patamar, sendo recorde na série histórica. A Bahia viveu um cenário de relativa estabilidade das mortes em ações policiais até 2015. Desde então, os indicadores de letalidade quadruplicaram.

Os indicadores do estado também vão na contramão dos números nacionais, nos quais houve uma queda de 2,3% na letalidade policial, saindo de 6.445 casos em 2022 para 6.296 no ano passado. Em números absolutos, a Bahia é o estado com mais mortes em intervenções policiais, seguido do Rio de Janeiro (869 casos), Pará (529), Goiás (516) e São Paulo (504).

Proporcionalmente, o Amapá segue como estado com maior proporção de mortes em ações policiais, com 20 casos para cada 100 mil habitantes. A Bahia vem na sequência, com uma taxa de 11 casos para cada 100 mil moradores.

Nesta quinta-feira (1°), em entrevista à Folha de São Paulo, Marcelo Werner, secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), associou o aumento das mortes em ações policiais à dinâmica das facções criminosas que atuam no tráfico de drogas. “Houve uma atuação enérgica das forças de segurança em razão dessa dinâmica das facções, dessa tentativa de impor uma política de terror, do medo e de violência em nosso estado”, afirmou.

Werner destacou que no ano passado foram apreendidas mais de 6.000 armas de fogo no estado, incluindo 55 fuzis, um número recorde. Neste ano, apenas no mês de janeiro, foram mais de dez fuzis apreendidos. O secretário ainda afirmou que a orientação dele e do governador é que as vidas sejam resguardadas nas ações policiais.

“O policial sai para o trabalho para proteger, para servir ao cidadão. No entanto, cada vez mais, ele tem sido alvo de ataques”, disse o secretário, destacando que houve um aumento no número de viaturas atingidas por tiros em ações de patrulhamento ostensivo. Foram cerca de 200 viaturas atingidas por disparos de arma de fogo nos últimos três anos.

Dados repassados pelo Governo da Bahia ao MJSP apontam que houve queda nos demais indicadores de mortes violentas durante 2023. O número de homicídios dolosos seguiu a tendência nacional de queda caiu de 4.936 para 4.622, uma redução de 6,4%. A quantidade de latrocínios e roubos seguidos de morte caiu de 87 para 66.

As lesões corporais seguidas de morte foram reduzidas de 81 em 2022 para 63 no ano passado. Os feminicídios tiveram queda de 107 para 105 casos.