Desfile celebra ancestralidade negra com encontros inéditos de blocos afro e afoxés na Praça Castro Alves
Foto: Luan Teles/ Secult PMS
Neste sábado (25), o Desfile Salvador Capital Afro arrastou milhares de pessoas em dois cortejos que saíram da Casa d’Italia e da Praça Municipal em direção à Praça Castro Alves, no Centro Histórico, com encontro de trios entre blocos afro e de afoxé. Os grupos Ilê Aiyê, Olodum, Filhos de Gandhy, Didá, A Mulherada, Cortejo Afro, Ara Ketu, Bloco da Capoeira com Tonho Matéria, Filhas de Gandhy, Malê Debalê e Muzenza encheram as ruas da região celebrando a ancestralidade negra da cidade através da música e dança.
O desfile é realizado pela Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult) e é um dos eventos destaque da programação do Novembro Salvador Capital Afro, que celebra a herança africana na cidade. Iniciando o evento, as Filhas de Gandhy foram acompanhadas por um cortejo de 100 baianas que saíram do Memorial das Baianas até a Castro Alves e fizeram uma lavagem da praça. Os filhos de Gandhy vieram logo atrás e se encontraram com o trio do Cortejo Afro na Castro Alves, onde cantaram juntos músicas em homenagem ao bloco afoxé.
Para Pedro Tourinho, titular da Secult, a primeira edição do desfile é histórica e representa o início de um novo momento para a cultura ancestral de Salvador. “Esse é o primeiro ano de um evento que será calendarizado na capital baiana, com encontros históricos e inéditos, como o Olodum e o Ilê Aiyê, unindo a beleza de todos os outros blocos afro e afoxés no mês de novembro. A Prefeitura irá fazer do Desfile Salvador Capital Afro um carnaval único em que a celebração dos blocos afro é o principal objetivo”, afirmou.
Os cortejos continuaram com os trios de A Mulherada, do Bloco da Capoeira e do tradicional Muzenza do Reggae durante o pôr do sol na Praça Castro Alves. O toque e o balé da Banda Didá adentraram ao anoitecer, levando clássicos da música baiana junto ao Malê Debalê.
No início da noite, o samba reggae impulsionado por Neguinho do Samba mostrou que o mundo negro é feito a partir de encontros, enquanto que o Olodum desceu a Rua Chile para se juntar ao Ilê Aiyê. Ao mesmo tempo, o axé do Ara Ketu chegou à Praça Castro Alves, proporcionando uma união de três blocos.
Turistas de Pernambuco, Flávio Henrique, 35 anos, e Andressa Mendonça, 33, tiraram o dia para curtir as atrações no Centro Histórico. “Estou impressionado com a valorização da cultura afro em Salvador. Com certeza, a diversidade, a música e as tradições enriqueceram minha experiência e minha vinda até a cidade como turista”, disse o administrador.
“Salvador está de parabéns por proporcionar uma experiência tão rica. Achei tudo muito lindo. As cores, as tradições, enfim, recomendo a todos a conhecerem esse encanto e energia de perto”, avaliou a nutricionista.
Potência – A secretária da Reparação (Semur), Ivete Sacramento, afirmou que o desfile é uma oportunidade de mostrar ao mundo algo que é único de Salvador: os blocos afro. “No Carnaval, não dá para perceber a grandiosidade desses grupos. Então, esse evento se torna uma mostra de toda a potência e raiz africana. Dá para perceber, em cada bloco, a diferença no tocar e no dançar. Me sinto muito feliz em ver o resgate da cultura afrobrasileira que está sendo feito aqui no desfile”.
Gilsoney de Oliveira, presidente do Gandhy, agremiação que completou 70 anos este ano, destacou a importância do desfile enquanto um evento de fomento à cultura. “Essa valorização, na cidade mais negra fora da África, é fomentar e dar continuidade. É um momento novo, pois mostra para o mundo, para quem é da cidade e para o turista a força do afoxé e a felicidade dessa grande nação baiana”, destacou.
Além do After Batekoo, FreshPrince Da Bahia, Tia Carol, DJ Belle e Errari fecharam o encontro que reuniu blocos afro e afoxés. O último evento do Novembro Salvador Capital Afro acontece neste domingo (26), na Caminhada do Samba.