Salvador e RMS registram recorde de mortes por violência armada em 2024
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Foto: Divulgação/Polícia Militar
Mais de três pessoas foram mortas por dia em tiroteios ocorridos em Salvador e na Região Metropolitana (RMS) ao longo de 2024, segundo o relatório anual do Instituto Fogo Cruzado, divulgado nesta quarta-feira (19). No total, 1.380 pessoas morreram, das quais 514 foram baleadas durante operações policiais. O número de feridos chegou a 1.725, sendo que 345 sobreviveram.
Os tiroteios e disparos de arma de fogo somaram 1.795 registros na região, o que equivale a uma média de cinco ocorrências diárias. As ações policiais responderam por 681 desses casos, o que representa 38% do total. Em comparação com 2023, quando houve 1.783 tiroteios e 1.413 mortes, os números indicam uma leve redução de 3,3% nas mortes.
Cidades mais afetadas
Salvador concentrou a maior parte da violência armada na RMS, com 74% dos tiroteios, 69% das mortes e 81% dos feridos. A capital registrou 1.335 tiroteios, resultando em 949 mortes e 279 feridos. Em seguida, as cidades com mais registros foram:
Camaçari: 179 tiroteios, 170 mortos e 23 feridos
Lauro de Freitas: 71 tiroteios, 63 mortos e 14 feridos
Dias D’Ávila: 43 tiroteios, 38 mortos e 4 feridos
Simões Filho: 42 tiroteios, 42 mortos e 7 feridos
Mata de São João: 30 tiroteios, 28 mortos e 4 feridos
Candeias: 26 tiroteios, 28 mortos e 5 feridos
Vera Cruz: 24 tiroteios, 18 mortos e 3 feridos
Madre de Deus: 16 tiroteios, 15 mortos e 3 feridos
Itaparica: 9 tiroteios, 11 mortos e 1 ferido
São Francisco do Conde: 9 tiroteios, 10 mortos e 1 ferido
São Sebastião do Passé: 9 tiroteios, 8 mortos e 1 ferido
Pojuca: 2 tiroteios, sem vítimas
Bairros mais afetados em Salvador
Os bairros com maior número de tiroteios também foram os que registraram mais mortes:
Pernambués: 47 tiroteios, 30 mortos e 2 feridos
Fazenda Grande do Retiro: 36 tiroteios, 31 mortos e 7 feridos
Beiru/Tancredo Neves: 36 tiroteios, 26 mortos e 12 feridos
Lobato: 36 tiroteios, 25 mortos e 9 feridos
Valéria: 33 tiroteios, 23 mortos e 7 feridos
População negra e violência
Os bairros mais afetados pela violência armada possuem uma população majoritariamente negra, com percentuais acima da média de Salvador, que é de 83,2%, conforme o Censo 2022 do IBGE.
Pernambués: 86,5%
Fazenda Grande do Retiro: 91,1%
Beiru/Tancredo Neves: 91,4%
Lobato: 93,3%
Valéria: 89,0%
Perfil das vítimas
Entre as 1.725 pessoas baleadas ao longo do ano, a maioria eram adultos, mas crianças e adolescentes também foram atingidos:
10 crianças
53 adolescentes
1.647 adultos
12 idosos
Das vítimas fatais:
1 criança
43 adolescentes
1.324 adultos
9 idosos
Ocupações das vítimas
Entre as vítimas com ocupação identificada, agentes de segurança foram os mais atingidos. Policiais militares representaram 82% dos agentes baleados.
34 agentes de segurança
16 mototaxistas
14 entregadores/motoboys
9 motoristas de aplicativo
6 lideranças religiosas/comunitárias
4 rifeiros
1 vendedor ambulante
Onde estavam as vítimas no momento do ataque
110 dentro de casa
68 dentro de automóveis
39 em bares
19 em eventos
13 dentro de barbearias
6 dentro de transportes públicos
3 em postos de gasolina
2 em lava jato
1 dentro de unidade de ensino
Chacinas e perseguições
27 chacinas registradas, com 92 mortos
16 chacinas (59%) ocorreram durante ações policiais, resultando em 55 civis mortos
89 tiroteios em perseguições deixaram 67 baleados
76 perseguições (85%) estavam ligadas a operações policiais, com 49 baleados
Motivação dos tiroteios
O levantamento identificou a causa de 96% dos tiroteios ocorridos em 2024. As principais razões foram:
Ação/Operação policial: 681 casos
Homicídio/Tentativa de homicídio: 855 casos
Roubo/Tentativa de roubo: 163 casos
Disputa entre grupos armados: 159 casos
Brigas: 34 casos
O que diz a SSP-BA
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) afirmou que as forças de segurança ampliaram os esforços para reduzir a criminalidade. Segundo a pasta, houve uma queda de 32,1% nas mortes violentas na RMS em janeiro de 2025, comparado ao mesmo período de 2024.
Em Salvador, a redução foi de 4,9%, com 78 mortes registradas no primeiro mês deste ano, contra 82 em janeiro do ano passado. Nos últimos dois anos, a SSP-BA apontou reduções de 8,2% (2024) e 6% (2023) nas mortes violentas no estado.