Após vistorias do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Defesa Civil, seis igrejas católicas em Salvador foram interditadas devido a riscos estruturais identificados nas construções. A medida foi intensificada após o desabamento de parte do teto da Igreja de São Francisco, que resultou na morte de uma turista de 26 anos na semana passada.
Além da Igreja de São Francisco, foram interditadas:
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem
Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat
Igreja dos Perdões
Igreja de Nossa Senhora da Ajuda
Igreja da Ordem Terceira do Carmo
Igreja de São Miguel
As vistorias fazem parte de uma força-tarefa do Iphan, que conta com 15 servidores de outros estados. O órgão informou que as visitas são preventivas, mas não detalhou os dias exatos em que ocorreram.
Na Bahia, há 184 bens tombados pelo Iphan, sendo 51 igrejas, das quais 30 estão em Salvador. Segundo levantamento da TV Bahia, 12 já foram inspecionadas, e oito necessitam de reparos.
Problemas estruturais e responsabilidade pela manutenção
O presidente do Iphan, Leandro Grass, explicou que ainda não há um balanço completo dos problemas encontrados, mas destacou falhas recorrentes nesses imóveis históricos, como estruturas de madeira comprometidas por cupins, telhados deteriorados, rachaduras, infiltrações e acúmulo de sujeira devido à falta de manutenção.
A reabertura das igrejas dependerá da correção dos problemas identificados, o que é de responsabilidade dos proprietários. No entanto, o Iphan informou que, em alguns casos, é possível obter apoio financeiro para a restauração.
Grass também esclareceu que o Iphan participa das vistorias, mas a decisão de interditar ou liberar os templos cabe à Defesa Civil.
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem foi evacuada às pressas
A Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem foi interditada na quarta-feira (12) devido à precariedade do telhado, construído em 1743. A paróquia informou que a evacuação foi imediata para evitar riscos aos fiéis.
A igreja, que abriga a imagem do Bom Jesus dos Navegantes e a Galeota Gratidão do Povo, utilizada na tradicional procissão marítima de 1º de janeiro, já havia alertado sobre a necessidade de reparos. O projeto de restauração foi encaminhado ao Iphan e ao Ministério da Cultura, e a paróquia aguarda a liberação de recursos para iniciar as obras.
Durante a interdição, missas e atividades serão realizadas no Salão Hugo Rossini.
Homenagem à vítima do desabamento na Igreja de São Francisco
Na terça-feira (11), uma missa de sétimo dia foi celebrada em memória de Giulia Panchoni Righetto, turista de São Paulo que morreu no desabamento da Igreja de São Francisco. A cerimônia ocorreu em um templo próximo, no Centro Histórico de Salvador.
A investigação sobre o caso está em andamento. Na segunda-feira (10), a Polícia Federal assumiu a apuração integral do desabamento, antes compartilhada com a Polícia Civil da Bahia. Os depoimentos coletados pela polícia baiana foram repassados à PF, que seguirá com o inquérito.
O Iphan informou que a última vistoria técnica na Igreja de São Francisco ocorreu em maio de 2024, sem indícios de falhas estruturais que pudessem causar o desabamento do teto. Agora, o órgão contratará obras emergenciais para escoramento, estabilização e segurança do monumento. A etapa seguinte incluirá a restauração e remontagem dos elementos artísticos afetados.