Em meio à tensão nas negociações entre o prefeito Bruno Reis e o PSDB sobre a reforma administrativa, o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz (PSDB), indicou o vereador Sidninho (PP) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada a mais importante da Casa. A decisão representa um duro recado ao prefeito e se dá no contexto de uma série de desacordos entre Muniz e Reis.
A disputa pela presidência da CCJ gerou expectativa no União Brasil, que, por ser a maior bancada, esperava ocupar o posto, como ocorreu nos anos anteriores. O vereador Paulo Magalhães Júnior, do União Brasil, tentou manter a posição, mas a falta de apoio de Muniz, devido à sua ligação com o prefeito, comprometeu a eleição.
Inicialmente, o nome escolhido pelo prefeito para a presidência da comissão foi o de Duda Sanches (União Brasil), mas Muniz, insatisfeito com a recusa de Bruno Reis em cumprir um acordo pré-eleitoral sobre a Secretaria Municipal da Educação (Smed), vetou a indicação. O presidente da Câmara também rejeitou outro nome sugerido pelo União Brasil, Marcelo Guimarães Neto, para compor a comissão.
A composição da CCJ será formada, além de Sidninho e Duda Sanches, pelos vereadores Rodrigo Amaral (PSDB), Maurício Trindade (PP), Aladilce Souza (PCdoB), Omar Gordilho (PDT) e Júlio Santos (Republicanos). Aladilce Souza, do PCdoB, será a vice-presidente do colegiado. A configuração da comissão favorece Muniz, que conta com a maioria dos votos, caso ocorra uma disputa pela presidência entre as bases governistas.
Recentemente, Sidninho e Maurício Trindade manifestaram publicamente sua insatisfação com o prefeito, acusando-o de não cumprir compromissos e de não atender os vereadores. Sidninho chegou a ameaçar levar o PP para a base do governo estadual, mas recuou ao afirmar que o partido permaneceria na base da Prefeitura, embora tenha anunciado sua saída do PP.
A composição das 13 comissões permanentes da Câmara Municipal de Salvador será publicada nesta quarta-feira (5), com a instalação das comissões e a definição das presidências ocorrendo na quinta-feira (6). Carlos Muniz, no entanto, não participará da cerimônia devido a um diagnóstico de Covid-19.
A negociação entre Bruno Reis e o PSDB continua emperrada. O prefeito tem tentado convencer Carlos Muniz e o deputado federal Adolfo Viana a aceitar uma compensação pelo comando da Smed. A proposta de Bruno Reis inclui a oferta da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e a manutenção da Secretaria Municipal de Gestão (Semge), além do comando da Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal). No entanto, a proposta nunca foi aceita pelo PSDB, que só concordaria em ceder a Smed caso fosse incluída uma pasta de maior peso político, como a Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur).
Sem acordo, o União Brasil foi prejudicado na formação das comissões, com o PSDB assumindo a presidência da Comissão de Finanças e Orçamento, que será liderada pelo vereador Daniel Alves (PSDB). A presidência da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente será assumida por Paulo Magalhães Júnior (União Brasil), um posto importante devido ao projeto de revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU).